sábado, 29 de março de 2008

Último Romântico




Sim, sou romântica. Sou nostálgica e saudosa. Sempre estou a relembrar meu passado, como se quisesse recuperar uma felicidade perdida. Sempre estou a relembrar momentos infantis como os mais puros de minha existência.

Sim, sou romântica. Sou estranhamente melancólica e sentimental. Dou demasiada importância às emoções, permitindo que estas aflorem, de maneira até exagerada para muitos. Sinto-me invadida por acessos de choro e raiva imensa.

Sim, sou romântica. Valorizo a amor intenso e as paixões avassaladoras. Dessa forma, me parecem muito mais reais. É como se acendessem uma chama que me impulsiona a viver intensamente.

Sim, sou romântica. Sinto-me atraída pelo mistério e pela morbidez, apaixonada que sou pelas diversas formas em que a tristeza e a escuridão se manifestam no homem. O pessimismo parece por vezes se apossar do meu ser, sussurrando ao meu ouvido idéias de abandono deste mundo.

Sim, sou romântica. Ainda me encanto com as novelas de cavalaria e lendas medievais. Sou grande apreciadora das lendas celtas, dos contos fantásticos de bruxas e ilhas perdidas nas brumas. Ainda me sensibilizo com os amores impossíveis de cavaleiros e damas.

Sim, sou romântica. Ainda acredito em utopias de um mundo totalmente justo, onde não há espaço para a exploração humana e todos são tratados como iguais. Onde seria possível a sociedade alternativa do mestre Raul!

Então não, não sou romântica...

Não sou romântica por que não me volto apenas para o meu ego. Exatamente pelo fato de almejar à mudanças sociais, saio desse mundo particular para enxergar todo o coletivo que me cerca.

Não, não sou romântica. Não acredito na figura de heróis perfeitos. Um grande feito nunca parte de uma única pessoa, e sim de várias. Gosto de lembrar estas pessoas que foram esquecidas pela história, mas que realizaram silenciosamente grandes ações. E de lembrar o herói como um humano, cheio de defeitos, igual a tudo na vida.

Não, não sou romântica. Vejo o humano multifacetado, e não plano, feito apenas de sentimentalismos e amores puros. O ser humano é sentimento e é instinto. Sou admiradora da análise psicológica do ser como um todo.

Não, não sou romântica. Não idealizo o objeto amado como perfeito e intacto. Não tenho a ilusão de encontrar o príncipe encantado medieval. Gosto de saber que ele é tão cheio de defeitos e incertezas quanto eu o sou. Não o vejo, dessa forma, como algo que me é inalcançável.

Não, não sou romântica. Não acredito no casamento como o principal objetivo das paixões, em que depois da cerimônia tudo é apenas felicidades. Visualizo, na verdade, muitos problemas inerentes ao ato do casamento, que eu talvez não seja capaz de, no futuro, suportar.

Não, não sou romântica. Não tento enfeitar a realidade com flores e criar um mundo à parte, na ilusão de que este último condiz com a realidade. Procuro enxergar as coisas de maneira pouco mais realista, em vez de encher-me de ilusões absurdas.

Pelo menos isso é tudo que penso ser, porque, na verdade, sou uma incoerência, tal qual esses pensamentos sobre eu mesma talvez o sejam. Verdadeiramente, sou uma grande contradição... Tal qual os românticos o são... Sim, afinal, sou uma romântica!

quarta-feira, 26 de março de 2008

Dia de uma vestibulando!


Ano de vestibular é realmente estressante! Muitas aulas por dia, muita matéria atrasada, muita pressão em cima de você. Vez por outra tenho ímpetos de esquecer todas essas preocupações, e acabo tendo meu dia perdido no que se refere a estudo.

Eis o que me aconteceu hoje. Perdi-me em devaneios durante as aulas, conversei asneiras em vez de prestar atenção nas explicações e ainda deixei de copiar as anotações dos professores.

Como se não bastasse, quando finalmente me propus a realmente estudar, sendo que em grupo (eu e Luana), vi-me de repente deitada nos bancos do colégio, discutindo sobre a existência de espíritos!

Mas nem tudo estava perdido! Ainda poderia estudar quando chegasse em casa (depois da minha aula de violino, lógico). Peguei o ônibus ansiosa. Sabia que o violino me serviria de descanso para, então, sentir-me novamente estimulada a enterrar-me nos livros.

Entretanto, ao chegar na Viva Música Viva, recebi a notícia de que meu professor não chegaria a tempo para minha aula. Lá se ia meu estímulo!

Mas, novamente, nem tudo estava perdido! Ainda havia o jantar. Depois de bem alimentada, não me faltariam forças para revisar a matéria. Com este pensamento, fui esquentar minha sopa. Enquanto aguardava, liguei a televisão.
Eis meu grande erro! (ou talvez meu grande acerto!).

Ao mudar para o canal da "TV União", começou a passar um clipe do "The Cure". A música era "A Forest". Robert Smith quase irreconhecível: sem maquiagem, sem o cabelo despenteado e com feições muito jovens. Deleitei-me com meia hora dos mais psicodélicos e estranhos clipes, próprios do "Cure". Fiquei a dançar na cozinha ao som de "Boys don't cry" até "End of the World"

Quando então pensava ver-me livre das tentações musicais, inicia-se nova maratona de clipes, dessa vez do Strokes. Não podia sair agora! Curti (agora calmamente deitada no sofá) o som dos nova yorkinos, do qual sou grande fã! (apesar de ter-me decepcionado um pouco com o último CD).

A essa hora, já havia terminado o meu jantar e nem lembrava-me mais da apostila guardada. Após Julian Casablancas, minha mente se ocupava apenas com Jim Morisson, que agora brilhava na tela junto à sua banda: The Doors! Ninguém pode negar: eles são espetaculares! Tudo me parece diferente ao escutar os solos tão característicos do teclado de Ray Manzarek.

Terminada a sessão "The Doors", levantei-me do sofá. Oh, não! Iniciava-se os clipes do "The Clash". É, só faltava mesmo uma banda da década de setenta para completar o ciclo (The Doors: final dos anos 60, The cure: anos 80, The Strokes: anos 00). Depois deles era só aguardar a banda que mais marcou os anos 90: Nirvana.

Mas o dever me chamava. Tive que ir lavar a louça. Fiquei escutando ao longe a música que vinha da televisão (é, até eu pensei que ia estudar naquela hora).

Entretanto, uma estudante não desanima! Afinal, música também é cultura! ;p Meu tempo não foi por completo perdido. Amanhã é um novo dia! Amanhã sim, eu hei de estudar! xD

terça-feira, 25 de março de 2008

"Quando eu era criança...


Adoro observar as pessoas. Como elas caminham, como falam, como sorriem, como olham. Entretanto, sempre corro o risco de ser mal interpretada. Se passo muito tempo olhando fixamente para uma pessoa, logo está entenderá mal minha atitude: ou se incomodará, achando que talvez eu esteja silenciosamente julgando-a, ou terá errôneamente o velho pensamento de "segundas intenções".
Eu entendo, talvez me passem os mesmo pensamentos se surpreendo alguém a me observar. Como todos, não conseguiria sustentar o olhar ao meu observador. É justamente isso que amo nas crianças.
Já perceberam que um bebê normalmente sustenta o olhar? Fixam as grandes pupilas em você e podem fazer aquele momento perdurar longos instantes, sem se intimidar pela insistência dos olhos de seus observadores. É como se pudessem até mesmo enxergar o mais puro de nossas almas. Talvez por isso arriscam, às vezes, um tímido sorriso, tão cheio de vida e tão sincero!
Mesmo quando um pouco mais crescidos, continuam a possuir essa firmeza marcante. Brincam a vontade e agem naturalmente, seja qual for a ocasião. É só observar crianças de três, quatro anos, que correm, gritam, choram, riem, sem se importar com os impertinentes observadores, estes tão saudosos da sua espontaneidade de outrora, quando também, como aquelas crianças, olhavam e sorriam sem as conveniências de agora.
Por isso adoro observar aos nenéns e às crianças. Porque entendem meu olhar e minha admiração, entendem a saudade que sinto ao observá-las com tanto carinho e atenção. Saudade da minha infância, da minha antiga descontração.
Hoje sou mais tímida, mais calada, mais comedida. Hoje não tenho a eterna alegria e as doces brincadeiras. Fui ficando mais irritada, mais pensativa, exalando melancolia. Fui perdendo a coragem de olhar os demais profundamente, buscando inocentemente suas almas. Agora, procuro esse brilho apenas no olhar das crianças, como se tentasse achar uma felicidade há tanto esquecida.
"Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Quando me tornei adulto, rejeitei o que era próprio de criança"

segunda-feira, 24 de março de 2008

Enfim, um blog!

Quando temos um pensamento de grandeza sobre nós mesmo, temos uma visão medíocre acerca do mundo. Entretanto, quando nos reconhecemos como uma parte ínfima do universo, agora sim estamos ampliando nossa forma de enxergar o que nos cerca.
Quando ouvi essa idéia na tarde de sábado, confesso que me senti um tanto que consolada. Afinal, quem nunca se sentiu inútil frente à imensidão do planeta? Todavia, reconhecer-se como uma mera gota é o primeiro passo para perceber a existência de um enorme oceano, repleto de possibilidades incríveis e mistérios que talvez jamais possamos desvendar. Isso sim é ampliar horizontes. Se nos limitamos apenas à visão de nós mesmos, jamais conseguiremos sequer imaginar o quanto existe no mundo a ser desbravado.
A verdade é que muitas vezes sinto-me extremamente pequena, e por isso mesmo, incapaz de realizar algo grandioso. Foi então que percebi que me sentir menor é um sinal de que, no fundo, enxergo quão enorme são minhas possibilidades de ação. E o que vou fazer diante de tantas possibilidades? Desvalorizar meus feitos por achar que são medíocres frente a tantas ações incríveis? Aí está o meu erro e o de muitas pessoas. Porque, verdadeiramente, não precisamos ser grandiosos nem melhores que ninguém. Precisamos realizar nossas potencialidades de acordo com o que nos é possível fazer no meio em que nos encontramos, e realizá-las da melhor forma possível. Não precisamos, para isso, utilizar-nos de comparações nem ter intuitos de grandeza. Precisamos, apenas, realizar. Este é o foco: realizar. É não sentir-se intimidado por ser tão pequeno, reconhecendo ao mesmo tempo o quão importante é sua autenticidade. O que você realizará nessa vida, ninguém mais fará. Isso acarreta grande responsabilidade!
E o que tudo isso tem a ver com criar um blog? Achava que de nada me serviria fazer um. Pensamentos eu tenho, e não é vontade o que me falta para escrevê-los. No entanto, sempre pensava: para quê? E se não interessar a ninguém? E se todos discordarem do que eu falo? Sentia-me invadida pelo medo, medo de ser pequena. Mas eu o sou, e agora não vejo mais isso da mesma forma de antes. Agora percebo que reconhecer-me pequena é também reconhecer o mundo como imenso! E é sobre essa imensidão que quero explanar. Mesmo que não tenha grandes finalidades aparentes, mesmo que ninguém o leia, mesmo que todos discordem. O importante é escrever, colocar em rascunhos minhas impressões acerca dessa imensidão que tanto me comove. O que é o meu blog em meio a tantos que existe? Quer a verdade: nada. Mesmo assim, sei que ninguém jamais escreverá o que aqui partilharei, e é por esse motivo que finalmente tive a coragem de transformar esses míseros rascunhos de pensamentos em um blog. Espero que quem leia também participe dessa construção de idéias, que talvez jamais estejam completas e, por isso mesmo, são apenas folhas de rascunho.