segunda-feira, 26 de janeiro de 2009


Então, mais um ano se passou, e enquanto eu olhava os fogos queimarem no céu em estrelas, meu amigo perguntava que pedidos eu estava fazendo naquela virada. Eu não fazia nenhum, há muito tenho aversão a desejos. Talvez não ao desejo em si, mais ao ato de pedir. Não sei em que fase de minha vida isso se formou em mim. Acho que quando criança, as coisas que mais desejei, aquelas que eu pedia à primeira pena que aparecesse na rua, ao primeiro sinal de estrela cadente, às velas em festas de aniversário, não se realizavam. Ou ainda pior, se realizavam quando eu não mais as desejava. Tomei uma decisão então: não pediria mais nada. Meus desejos seriam secretos até para mim. Se eles quisessem, que se realizassem por conta própria, eu ficaria grata. Mas se não, que diferença faria, eu já me sentia tão acostumada a não ter meus pedidos realizados, que agora melhor seria, já que não mais os pedia, assim não seria mais tomada pela frustração das superstições tão mentirosas.
Pois foi o que ocorreu no ano novo, como há uns seis anos novos, desde que me lembro, que não faço pedidos à meia noite. Timidamente, apenas lembrei-me de um pequeno detalhe do ano de 2008 que ia embora, o vestibular. Como quem não quer nada, comentei com meu amigo que passar não seria nada mau. Seria um pedido que eu faria, se eu fosse dada a fazer pedidos. Lá no fundo, eu tinha medo de fazer abertamente esse pedido, com toda aquela esperança e veemência de quem realmente deseja algo. Tinha medo que, fazendo isso, ocorresse exatamente o contrário. Mais profundamente que isso, eu desejava com toda a veemência e esperança, talvez até segurança, que eu passasse.
Fato é que passei. Nada mais, por enquanto, tenho a desejar, se não começar de bom grado a faculdade. Vestibular passado, tento deixar velhos vícios de lado, acomodações, preguiças básicas e tempos ociosos, para voltar ao blog . Volto à prática de sentar relaxada na cadeira, ouvir o barulhinho irritante do teclado, observar as palavras se formando na tela do computador, transportadas diretamente dessa mente confusa, que precisa reler vinte vezes seu texto para achá-lo razoavelmente digno de ser publicado numa página sem muitas finalidades. Mas como ainda não entendo a finalidade de muitas coisas, para que entender a desse blog. Novamente espero que ele volte a se moldar e reconstruir-se com o propósito de ser apenas um blog. Por enquanto assim ele vai se formando, mesmo sendo com textos que de repente mudam de assunto sem mais nem por que. Mas se não a razão de ser, também não há de não ser. Volto às folhas de rascunho, com a presença e ausência de sempre, com as ficções e verdades de agora, até cair nos clichês ou nas novidades.